quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O DUNDO - UM PARAÍSO DE BRANCOS NA IMENSIDÃO DE ANGOLA

A caminhada do Lobito ao Dundo nas carrinhas da Mapril (empresa de transportes, salvo erro, com sede na antiga Henrique de Carvalho), na "epoca das chuvas" foi semi-épica. Estradas em terra, cobertas de água ("pote ó pote" diziam os locais, as carrinhas a caminharem com as rodas da direita sobre o capim para terem aderência e aquele aroma das planícies abençoadas pela chuva. Esse "impacto brutal", como o primeiro berro de um recém nascido que foi a amálgama de cheiros de mil perfumes embrulhados em água e que penetrou no fundo da nossa alma pela primeira vez - essa sensação NUNCA MAIS SE DILUI, NUNCA MAIS SE DILUIU. Mas falemos do Dundo (falaremos um dia destes da jornada). O Dundo apareceu-nos ao cair do dia. Entramos por uma avenida "civilizada", isto é, alcatroada, com altos candieiros de ambos os lados, candieiros modernos com fortes lâmpadas de luz amarela, "para afastar os mosquitos" disseram-nos. A caravana parou diante de um vasto edifício ("é a Casa do Pessoal",informou-nos algúem dentro da grande station Ford ou Chevrolet). Junto ao passeio estava um homem de estatura média, muito magro, de bigode. ("é o senhor Salgueiro, é o encarregado da Casa do Pessoal", continuou o nosso guia - penso que seria o empregado antigo que vaijava connosco acompanhado de dois filhos adolescentes e da esposa e que regressava de férias. A filha, com uns 12 a 13 anos era diabética, explicou-nos o pai, não sei a que propósito. A Casa do pessoal tinha múltiplas funções: tinha quartos com wc para visitantes em trânsito e para funcionários aquem não tinha sido atribuida casa própria, como foi o nosso caso durante alguns dias; tinha um amplo restaurante ao fundo do qual havia um bar com um extenso balcão com bancos altos. Atrás desse balcão ficava a cozinha dirigida pela esposa do senhor Algueiro, a D.Rosa. O casal tinha 5 (cinco) filhos: três raparigas e dois rapazes. A filha mais velha tinha um ligeiro buço, "se bem me lembro") e tinha um rosto com uma expressão que na altura me excitava. Uma biblioteca razoável, jornais diários e semanais, sala de jogos com bilhares,ténis de mesa, mesas de leitura e de jogos mais "tranquilos" como cartas, damas, xadrez. Em frente das portaqs da biblioteca e das salas de jogos havia uma esplanada onde, após as refeições ou para saborearmos um livro, a leitura de um jornal, o sabor de uma bebida ou simplesmente para "passar pelas brasas" havia uma esplanada, virada para o esplêndido jar4dim nas traseiras da C.P. e para e avenida central. O Dundo era na prática a Direcção Administrativa e Técnica da Companhia de Diamantes de Angola (Diamang). A esta longa distância no Tempo (1963 a 2012) iremos provavelmente não ser verdadeira.mente precisos nas nossas recordações mas, no seu geral, julgamos dar uma visão mais ou menos parecida com a realidade. Eram muitos, complexos e para as mais variadas funções os Serviços sediados no Dundo. Havia Direções (com Diretore e Vice-Diretor), além de diversos Chefes de vários tipos de especialidades. Havia os Serviços Administrativos que supervisionavam a Contabilidade, o Serviço de Pessoal, e as estruturas ligadas à Casa do Pessoal e ao lazer, digamos assim. O Diretor no nosso tempo era o José Feronha e penso que mais tarde foi para vice-diretor o Artur Valdez, Chefe da Contabilidade e sogro do Mário Wilson, antigo jogador do Benfica mas mais anos jogador da Académica de Coimbra e posteriormente treinador do Benfica.Lembramo-nos bem do Vice-Diretor, uma excelente pessoa, o engenheiro Arruda, açoreano,com quem jogávamos ténis em renhidas partidas de 4 jogadores e que faleceu muito precocemente Havia a Direção dos Serviços de Saúde, dirigida por um excelente médico, o dr. Santos David e onde trabalhavam dois granxdes amigos nossos: o Manuel Monteiro, cirurgião em casa do qual e da esposa, a Gracinda Monteiro, licenciada em Germânicas e antiga aluno de Vitorino Nemésio e o tão querido Santos David, médico de clínica geral e de Saúde Pública. Foi assassinado no seu consultório, no Huambo (antiga Nova Lisboa) dsevido à sua simpatia pelo MPLA. Era um homem cheio de humor, de vasta cultura, amigo do seu amigo, exemplo de profissionalismo e de lealdade. Mas, a crónica vai longa e mais tarde continuaremos. Há tanto para falar da Lunda!!!

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