segunda-feira, 25 de julho de 2011

É quase meia noite...

        É quase meia noite.
Os dias ultrapassam-nos numa velocidade estonteante.
Os mais velhos sentem o "terreno do tempo" fugir-lhes debaixo dos pés.
Objectivamente os Mais Velhos já não sabem para onde ir, e por onde.
Recordámos vagamente a cabeça da Esposa amada encostada ao nosso rosto e o calor bom da sua pele e do aroma do seu cabelo, como a brisa dos pinhais nas noites de verão.
E pensamos que, neste tempo que nos resta, "nunca mais uma Esposa igual encostará o seu rosto ao nosso e, nunca mais alguem nos dirá com a ternura sincera do outrora: amo-te".

É quase meia noite. Este dia já foi engolido.
Um dia de vida a menos.
Õutro virá e - como um trapezista sem rede - , nós giramos como "formigas tontas", sem emprego, sem ob jectivos e  sem a esperança dum "amanhá vitorioso".

O cérebro humano não foi construido para assistir ao envelhecimento do seu corpo, nem devia ter a consciência da sua progressiva e irremediável fragilidade.

Boa noite.
Sleep well!
                                                                 
                                                    (Quinto Barcelos - Mestre em História)

OS RICOS E A RELIGIÃO

Todo o humano normal deseja ardentemente que haja Deus e que haja um Paraíso (que pode ser uma outra Dimensão espacial, um Universo Paralelo ou, simplesmente, a força da nossa Fé espiritual).
 Pressupõe-se que, a cada Crente, é dado, por igual, o suficiente para viver com conforto e com decência, que tenha posses para mandar instruir os seus filkhos e tenha assegurada uma velhice com plena dignidade e felicidade. 
Mas, infelizmente, nos Governos, vivem os Infiéis deste mundo, os Apóstatas, aqueles cujo sangue é negro como as portas do Inferno. E a esses é conferido o Poder de governar os Simples e os Fracos, de violentar os Crédulos e de destruir o Futuro e o Direito Natural à Felicidade das gerações mais novas.
Os Políticos viciaram-se na Mentira, na Hipocrisia, na Artimanha subtil, na Inocência envenenada. Olhamos o rosto de um Político e ele assemelha-sed ao vitral de uma catedral gótica: resplaqndece de luz e de santidade. E assim como esses vitrais não são o Paraiso, também um Político de carreira está mentalizado a trair todos os valores morais, do Amor à Família à Lealdade pela Pátria.
Será esta a Causa e a Explicação para e extinção próxima da União Europeia, para a Falência dos Estados Unidos, para a Expansão da Fome por toda a África, para a Vitória Final da Corrupção e do Crime em todos os continentes?

sexta-feira, 15 de julho de 2011

PÁTRIA MINHA, MINHA AMADA QUE TE DEIXARAM SEM NADA.

01,22 de 14 de Março de 2011.

Anteontem, por todo Portugal, geraram-se manifestações espontâneas de cidadãos de todas as idades, graus de cultura, profissões e simpatias partidárias. Houve, inclusive, pela primeira vez depois do 25 de Abril as chamadas Canções de Intervenção. Um espanto gernuino varreu o País e, a chamada Classe Política que, tal como o Jet Set português se tem associado entre si para sugarem o produto do trabalho nacional e a riqueza do País.
     
                     Como puderam, em tão pouco tempo, destruir todo um Povo?
"Destruir" é a palavra ojectivamente certa, creio eu. Não se "destrói" apenas um Povo bombardeando, gaseando-o, invadindo-o. Também se destrói todo um Povbo arrastando-o para a ruína, transformando um Povo num bando de pedintes, roubando o Futuro aosd mais novos, tratando os mais velhos como lixo. É Portugal, aos olhos da Europa desenvolvida e duma América do Norte faminta de dinheiro e recursos nasturais, sem escrúpulos morais nem comiseração pelos mais débeis, Portugal é pura e simplesmente LIXO. Mas atenção, um "lixo" que se desloca em máquinas topo de gama, um lixo duma classe média alta corrupta em elevada percentagem, desprezandfo os que sofrtem, se4m vaqlores de patriotismo, de morasl, ou de civismo. Conseguimos, finalmente, atingir o grande desígnio de Abril, a grande vitória da Classe Operária em luta vitalícia: somos a nitreirta da Europa Ocidental.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

DIAMANTES DA LUNDA

PARA TI SANJINJE, QUERIDO AMIGO E SOBA QUIÔCO, ONDE QUER QUE ESTEJAS.

Segunda feira, um novo dia "igual" aos antecedentes e aos que virão - enquanto o corpo e o espírito fluirem normalmente neste espaço onde todos convivemos. Lá dentro, na "Toca" a D. Florinda limpa esta hipótese de casa. É um T2 muito moderno, com 3 frentes (a 3ª frente è a porta da rua que dá para o hall do andar...Tem garagem individual e vê-se bastante bem o mar pois é um 6º andar virado a poente.

               Mas, o que é uma CASA?

Deve ser "antiga", ter história, ser Casa de Avós. Deve ter tectos altos, janelas de madeira, uma grande cozinha e bancas em sólida pedra. Pomos as mãos nas suas paredes-pele e elas contam-nos estórias de família, festas antigas, Natais feitos de luzes, de risos e de mesas fartas. Deve ter um amplo terreno circundante e, uns 3 cães corpulentos, leais, generosos. E a Família será decente, como os cães. Unida, forte, cvom a alegria estampada na alma sempre que há reencontros.

- "Meus filhos, (dizia eu quando dava aulas), a época da Vida Humana mais perfeita e com mais sã espiritualidade, foi o Neolítico.O Homem já possuía rebanhos, já cultivava o trigo, a cevada, já comia fruta e pouco tempo depois até já fabricava a cerveja. Tinha casas de adobe que o protegiam do calor e do frio, do vento e da chuva, criava os filhos junto de si e estes multiplicavam-se em novas casas junto da Casa Paterna. E os Velhos eram amados, ouvidos, respeitados. Os mais velhos, os Anciãos, eram os Conselheiros das comunidades, os Professores das crianças e adolescentes. Não havia governos, nem religiões nerm sacerdotes para enganar e explorar os mais puros e os mais débeis. Não havia nações nem exércitos. O HOMEM ERA LIVRE E PURO."

Era assim que eu falava aos meus Amigos Alunos,. E todos sonhávamos com uma Terra plena de espaços,m com planuras imensas onde pastavam manadas a perder de vista, sem caçadores furtivos nem excursões de ANORMAIS CHAMADOS "TURISTAS".
Afinal o Homem é ele também um animal. Mas também uma máquina destrutiva, uma "maldição", uma "praga" um "filho" do Mal,m solto por todos os recantos da Terra-mãe. Esta peçonha-pensante contamina o Amazonas, enche o fundo dos oceanos de plástico, contamina as águas dos rios, destrói a atmosfera, esventra a Terra em busca de minérios, minerais, gás e crude, chacina as florestas e destrói a Vida Natural.
Sem o Homem a Terra. o nosso Planeta Querido seria, finalmente, o Éden de que falam osLivros Antigos e que o Homem apenas conheceu enquanto não foi HOMEM.

(Porto, Portugal, 07 de Fevereiro de 2011- José Quinto Barcelos, Licenciado pela U. Coimbra-918111995) 


Sanjinje - o guia Quiôco

Eras magro, esguio, sempre impecavelmente limpo e orgulhosamente vestido com o fato de trabalho do Museu Etnográfico do Dundo e o Laboratório de Investigação Biológica (LIB) anexo ao Museu dirigido pelo Doutor António Barros Machado um entomologista de Fama Mundial. Trabalhámos sob a orientação do António Luna de Carvalho, entomologista amador, investigador auto didacta de grande valor. Ainda guardo o bloco de notas encadernado a couro que me trouxe da ilha da Madeira. Era um homem grande, sempre em calções de caqui castanho, entroncado, óculos grossos mas com uma arte excepcional para o "desenho delicado", ou não tivesse sido "encontrado" na Vista Alegre, onde era desenhador, pelo próprio dr. Barros Machado. Tive o privilégio de a Secção do Pessoal da Diamang me ter colocado a trabalhar com ele. E ele ensinou-me a observar pelo binocular os órgãos internos dos...mosquitos, e a extraí-los com finíssimas pinças. E esse material era enviado para laboratórios espalhados pelo mundo, desde a Hungria comunista, aos Estados Unidos e esse intercâmbio incentivou à criação de revistas científicas magníficas editadas pela própria Companhia.

O Sanjinje ficou encarregado de me guiar, ensinar e proteger nas muitas viagens "pelo mato" organizadas pelo LIB e pelo Museu Etnográfico para fotografar, gravar, comprar objectos tradicionais como instrumentos musicais, "marimbas", "kissanjes", tambores, ou mobiliário como bancos forrados a pele de cabra, cadeiras de sobas, máscaras de rituais de magia ou animista, armas, particularmente com aplicações em ferro, artefactos de pesca ou caça, letras de velhas canções evocando a memória de famosos caçadores e guerreiros como o grande Chipinda Ketele, grande caçador enamorado da filha de um rei da Lunda. Grandes caminhadas as nossas, conversando, ouvindo, sentindo, aprendendo. No fundo seguia o exemplo desse amigo Manuel Baptista, rapaz de Chaves, topógrafo, também ele na Diamang, vivendo no Lucapa, bem casado com uma rapariga amorosa, que carinhosamente chamávamos de Lola e que com os dois magníficos filhotes constituíam uma excelente família nuclear. Também ele calcorreando a "chana" no seu pesado Land Rover topografando essas terras a perder de vista que ocultariam preciosos filões, ou não.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Nós os Humanos

Todos, os medianamente cultos, sabem que o planeta Terra é um corpo celeste pleno de vida natural mas, que está completamente sozinho porque mais nenhum outro planeta até agora vislumbrado e/ ou estudado tem vida. Somos um caso único, ímpar, somos o resultado de um "Jack pot" da Criação. Milhões de circunstâncias indispensáveis à formação da Vida Inteligente mas que tinham que estar associadas nas proporções matematicamente exactas e e com os seus pesos atómicos matematicamente calculados e, accionados no momento certo para que o Motor da Vida iniciasse o seu movimento. Mas estamos sós, mergulhados na escuridão intemporal do Cosmos, delimitados pelo Dia do Início e o Dia do Declínio. E, por mais incompreensível que seja, nenhuma Escola, em nenhuma Era da Humanidade, ensinou aos alunos os Mecanismos da Vida, a Fragilidade da Vida, a Precariedade dos Recursos do nosso planeta. É incompreensível que a Água do Planeta tenha donos privados, que o Petróleo, o Sangue dos Povos esteja nas mãos de companhias com nomes esquisitos cujos administradores até são personalidades mundialmente famosas. É bizarro, é bárbaro, é anti-humano que, vivendo nós suspensos no Espaço, mergulhados na escuridão gélida e eterna do Cosmos, sujeitos a qualquer momento a sermos atingidos por um meteorito ou uma mega erupção vulcânica que nos faça regredir no Tempo até à Idade Média e, apesar destes condicionalismos que são reais e que são cientificamente prováveis, apesar de tudo continuamos a manter povos inteiros na sujeição política mais abjecta e a olhar na cara elegantes ditadores que acumulam fortunas em países civilizados e que se orgulham da sua vetusta democracia. Que Terra vão herdar os nossos netos? Claro que os veículos a electricidade ou a hidrogénio não vão substituir os grandes aviões, autocarros ou paquetes turísticos. Nem vão pôr a funcionar as grandes fábricas de têxteis, de pasta de papel (pelo menos para o fabrico de papel higiénico), nem as grandes fundições de aço. Se eu me encontro numa jangada à deriva no Pacífico tenho que repartir com os meus companheiros as reservas de água, o espaço para dormir, a carne do peixe que pescamos.
            A TERRA É A NOSSA JANGADA.
Fala-se no G. 20. Parece quer é o clube das economias mais prósperas do planeta. Representam 10%  dos já 7 biliões de seres humanos, incluindo as crianças subnutridas e cobertos de moscas da África Austral ou da orgulhosa Índia e as estrelas sofisticadas de Hollywood ou as bonecas desnudadas do jet set europeu e norte americano. Todas as mulheres jovens do Planeta têm menstruação, seja a Chanceles da Alemanha (se ainda não entrou na menopausa -oxalá que não), seja uma prostituta à força da Tailândia, com 13 anos. E os governantes do G. 20 vão à casa de banho e têm diarreia como um ancião que se banha no Ganges ou um Zulu que pastoreia gado nas savanas da África do Sul. É bom que os jovens com força e com racionalidade, com cultura e projectos de vida imitem as serpentes que anualmente mudam de pele. Também eles têm que mudar o mundo, têm que amar a Terra-Mãe, têm que arrancar do solo sagrado do nosso Planeta ainda vivo as ervas daninhas camufladas com roupas de marca e rodeadas por medidas de segurança sofisticadas. É a sobrevivência do Futuro da Humanidade que está em jogo e, é já pouca a água e pouco o pão que sobram a bordo da nossa jangada.
               ... E um tremor de terra, se for na "terra dos ricos" destrói em segundos a riqueza que demorou séculos a subtrair e a acumular.

(Quinto Barcelos, Mestre em História pela FLUP - 07 de Fevereiro de 2011, domingo, 20:11)                         

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Museu Etnografico do Dundo - Lunda Norte

Tanta coisa à minha volta e eu sem nada.
Tanto cimento e tanta raiva.
Tanta criança despida e os meus armários cheios de algodão e lã, e linha e até gravatas de seda.
Sinto tanta falta de ver cavalos correndo elásticos e frementes e de respirar o perfume das planuras da Lunda.

         Tanta falta, santo Deus!

É raro o dia que não vejo dentro do meu espírito o rosto do Sanjinje, aquele rosto grave, aquele corpo simultaneamente idoso e ágil.
E eu tão novo nos meus 24 anos caminhando atrás dele pelas planuras e pelos muchitos. E Angola em guerra e eu sózinho longe de tudo, confiando a minha vida aquele Quiôco bom e as seus auxiliares. E eu tão amigo deles, tão grato, tão novo e confiando neles como se tivesse sido criado na sua companhia desde sempre. E esses cheiros que há quarenta anos dormem comigo!
O que será feito do Museu do Dundo, onde trabalhei, por onde andei, por aqueles corredores, olhando as enormes marimbas, os fatos das cerimónias tradicionais, as máscaras que os homens usavam quando era a Terra-mãe o seu Deus e a sua Mãe Verdadeira? E as velhas fotografias de antigas expedições ao Muatiânvua, quando a África, o nosso Primeiro e Único Berço vivia virgem, pura, sem safaris assassinos nem a cobiça dos homens pelo interior do seu ventre. Ah, como eu amei tanto essas planuras sem nada lhes pedir. Apenas me consolava a sua vastidão e a visão extraordinária dos seus rios calmos, como braços humanos afagando essa terra vermelha e bendita. Agora estou longe, tão longe, santo Deus! O Lucapa, o Facaúma, Cassanguidi, o Dundo, a minha velhinha K. 19 onde dormia de janelas abertas deixando que a humidade da noite se misturasse com o meu sangue.

          E misturou-se, e tornou-se ela mesma parte de mim. Por isso nunca esqueço.

(Porto, 5 de Fevereiro, de 2011 - sábado, 16:36 -  José Quinto Barcelos - nº 1323)