A SOLIDÃO NA NOITE

A NOITE TEM UMA VOZ ESTRANHA TRANSPIRA PELAS PAREDES COMO SUOR PELAS COSTAS DO ESCRAVO A NOITE COM O SEU PESO DE METAL ROÇA A SUA PELE GELADA PELO NOSSO CORPO DE CRIANÇA SONHOS INFANTIS COM VOZES DE MELROS E CIGARRAS E VOZ MATERNA QUE NOS CHAMA AO LONGE ASSUSTADA A NOITE ASSUME A LEVEZA DO ALGODÃO SÃO OS CESTOS DE CEREJAS E O RUMINAR MANSO DO CABANO E DO BONITO O NOSSO ESCUDO DE GUERRA CONTRA OS NOSSOS MEDOS E A NOSSA SOLIDÃO VOLTAMOS A SER CRIANÇAS EMBRULHADOS EM LENÇÓIS ESCONDIDOS COMO OS 40 LADRÓES DAS MIL E UMA NOITES QUE RECITAMOS COMO UMA ORAÇÃO ADORMECEMOS COM O NOME DE SHERAZADE NO CÉREBRO INQUIETO NENHUMA MÃO NOS TRAZ DE VOLTA PARA A NEBLINA DA MOCIDADE TÃO LONGE DENTRO DE NÓS. (Professor Quinto Barcelos)