quarta-feira, 14 de março de 2012

COIMBRA "ALMA MATER" (recordando os meus alunos, dos anos 80)

Na Cooperativa de Ensino de Coimbra desempenhamos funções de Orientador Pedagógico e de simples Professor de História. Há nesta memória dois corpos distintos, na sua origem, entrelaçados pelo "jogo do Destino" que, pouco a pouco, como quem lavra um campo, irei decifrando. Como Professor tive alunos que ainda hoje relembro pela sua jovialidade e pelo empenho no seu trabalho, Por exemplo, a Isabel, a Maria Fernanda, o Paulo, o André, a Conceição, o Pedro. Era comum irmos todos, alunos e professor, para a antiga cave do ACM, na rua Alexandre Herculano, preparar os testes a realizar dias mais tarde, ou o exame oficial. Dois destes alunos, pela sua jovialidade, por terem um grau de socialização mais evoluído criaram connosco uma forte empatia. O Pedro morava numa rua ao cimo da Tenente Valadim que nos conduz ao Cemitério da Conchada. Era uma jovem muito peculiar: muito alto e magro, conduzia um a grande motorizada "todo o terreno" e tocava numa Banda (se não estou errado). O pai era um médico de idade avançada, a mãe de famílias nobres, segundo ele nos dizia. Entre outros colegas reuníamo-mos na mansarda da sua casa uma noite por semana. Tin ham aparecido, salvo erro, os GNR, e a rapaziada ouvia em deleite os delírios acústicos danova banda. E eu, professor de História de alguns deles, era...convidado por pura amizade. 33 anos depois posso afirmá-lo com verdade! Uma moça destacava-se entre as outras pela sua cultura musical, personalidade de senhora num corpo juvenil e. com uns olhos que me levavam a pensar, olhando-a por entre o fumo do tabaco e os urros da banda: "a Sherazade das Mil e Uma Noites não podia ser mais bela, mais fascinante, mais graciosa e mais hipnótica". Depois mudei de escola, fui admitido como Orientador na Escola Superior de Educação de Leiria, os rapazes e raparigas seguiram o seu destino, e a última vez que a vi, foi, ela a descer a Avenida Sá da Bandeira, com um "tailleur" vermelho vivo, como de vermelho vivo pintava os lábios e eu estava à janela do segundo andar do número 71. Entre ambos, a altura de dois andares, o Destino que separa alunos e professores, como médicos e doentes, pais e filhos e, os 20 anos que eu tinha a mais e ela a menos. Do Pedro, soube que tinha seguido a carreira de Assistente Social e era pai duma menina, salvo erro. Mas foi uma turma de eleição. Visitámos a Universidade de Aveiro, acabada de inaugurar e que em parte nos foi mostrada pela Doutora Alarcão, visitámos Lisboa, fizemos jantaradas em grupo, aulas ao ar livre no Jardim da Péla e na Sé de Coimbra, estivemos com com o nosso querido Mestre Professor Doutor Padre Nogueira Gonçalves, Diretor do Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra que guiou uma nossa visita ao Museu Machado de Castro e ao seu Criptoporticum, tivemos uma aula ministrada pelo Professor Doutor Fernando Rebelo, catedrático do Departamento de Geografia e aquem pedíramos para instruir os nossos alunos sobre o impacto na História dos condicionalismos geográficos. Foi  nosso condiscípulo na Instrução Primária na Escola do Bairro de Costa Cabral. no Porto e mais tarde, por mérito próprio, duas vezes Reitor da Universidade de Coimbra, distinção rara já que a Geografia, como a História, ou as Línguas não são áreas académicas que forneçam muitos Reitores.
Hoje, passados 30 anos, sempre que voiu a Coimbra, subo a rua Tenente Valadim, olho aquelas casas onde vivi momentos de tanta amizade e pergunto-me: serão hoje felizes as mulheres e os homens que ontem ertam adolescentes incandescentes de alegria de viver? Deus o permita que sejam! (22:19)
(Professor Quinto Barcelos: 918.111.995)

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