quinta-feira, 3 de maio de 2012

SANJINJE NUM FIM DE TARDE DE CHUVA

Olá Companheiro! Tão distantes que ambos estamos um do outro e como estão longe estas DUAS TERRAS de nós ambos, a Lunda e o nosso Dundo e este Porto hoje sujo, de portas fechadas, sem arte, sem gente feliz, uma Cidade do Desemprego e de Gente com Fome-  Lá fora o céu está escuro e tão triste. Pressinto que vai chover. Mas esta chuva não é doce, nem perfumada, nem morna como a chuva da Lunda - A CHUVA DE ÁFRICA! A roupa secava no corpo e sobre a terra perfumada das "tchanas" em núvens dolentes de vapor. E a terra cheirava a terra misturada com os adores das plantes, das flores, das copas dos imbondeiros e do capim.

          O cheiro da chuva de África, em África era um cheiro sagrado - era o SUOR DOS DEUSES.

Mas estou aqui na Europa meu Irmão Sanjinje - apertado entre o cimento dos prédios, a pestilência dos fumos de milhares de automóveis, camiões, autocarros - a morte sobre rodas. Estou aqui sem planícies, semhorizontes, semáguias voando alto, sem as aldeias dos meus irmãos da Lunda onde me sentava a descansar e a conversar sobre as lendas antigas, sobre a caça, sobre a aprendizagem dos adolescentes muôna puós e muônas lungas.

Estou preso, estrou velho, estou capturado pelo maldito Homem Branco - o mesmo que chacinou os Índios das Américas - de todas as Américas; o mesmo quye chacinou os Aborígenas da Austrália; o mesmo que esccravizou os Povos da África, ds Índia - do mundo todo que não era Cristão, nem Branco.

Começo realmente a chover.
Jantei com um grupo de companheiros de "momentosd agradáveis" mas que não são os Companheiros como o foram os Quiôcos, os Lundas e os Luenas - povos onde podíamos deitar a cabeça na enxerga humilde e adormecer profundamente.

Todo o meu Coração está contigo Irmão Sanjinje e com os nossos Companheiros que me guiaram, me ensinaram e me  protegeram nessas viagens com os pés pousados no Chão da Lunda e os olhos na vastidão do Luachimo. Adeus Lunda, asdeus Andrada, Cossa, Cassanguidi, Focaúma, Lucapa etodas as noites em que ouvia música, voz dos animais e sorvia devagar e profundamente a brisa e a alma da Lunda.

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