sexta-feira, 20 de setembro de 2013

JOSÉ AFONSO & ÁLVARO CUNHAL

(Dedicado a Carlos Carvalhas meu antigo condiscípulo no antigo Colégio Almeida Garrett do Porto).


Sejamos sintéticos e breves. a) José Afonso é imprescindível para a Cultura Portuguesa, era um aMIGO LEAL DO SEU AMIGO (e foi-o da nossa Mulher, Drªa Ema de Jesus Rodrigues, Clássicas, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, ambos colegas de disciplinas comuns e companheiros de desabafos - porque ambos não tiveram uma vida fácil enquanto estudantes);  b) Álvaro Cunhal uma figura sinistra, carregada de ódios mal comprimidos que apareceu na vida portuguesa para destruir camaradas com quem discordava e, para "lamber as botas" aso Politburo Soviético como o Xá da Pérsia ou o Fulge)êncio Baptista "lambiam as botas" a Washington D.C.; d) José Afonso, que sempre admirei e respeitei profundamente, era um Comunista Humanista ou seja, um Cidadão que, pela sua Cultura em Letras sabia distinguir o sofrimento humano do oportunismo partidário; Álvaro Cunhal, separadas as respectivas proporções e realidades temporais e políticas faz-me lembrar um pouco o "nosso querido Paulo Portas" - salve-se quem puder, mas eu primeiro. Ou seja, Álvaro Cunhal tinha um ego do tamanho do Evereste, e considerava-se o Imperador do Comunismo Português, quiçá, Ibérico.  Ele ditava as leis que regiam o Partido, ele castigava ou promovia quem a sua mente seleccionava, ele planeava as estratégias a seguir e, obcecadamente, servilmente, ridiculamente tornou-se num capacho de Moscovo. Ele não era de Coimbra. da Lousã ou de Arganil, do Barreiro ou de Peniche - ele era um cidadão honorário de Moscovo e do Kremlin; e) José Afonso tinha ALMA, tinha sensibilidade e era um Comunista puro e...humilde. Ele era "carne do Povo"; Cunhal era despido de alma -era um pedaço de gelo com um charme desodorizante que, como um funil, apontava a sua vidas numa única direcção: a de António Oliveira Salazar - ou seja: QUERO, POSSO E MANDO E  QUEM NÃO ESTIVER COMIGO É MEU INIMIGO; f) como Salazar, Cunhal gostava de ser fotografado com criancinhas ao colo transpirando uma ternurenta empatia pela inocência juvenil. Zéca Afonso, era um artista puro, desinteressado do Poder e da Imagem, ele mergulhava no meio do Povo e dos Jovens, no meio dos Explorados com o calor humano e o hálito da Esperança num Mundo mais Igual; g) se Cunhal não tivesse nascido ( e há abortos espontâneos) o COPCOM não tinha existido; algumas Unidades Militares não se tinham transformado numa estrumeira abandalhada, a Descolonização tinha sido feita com Equilíbrio, com uma Supervisão internacional e imparcial, o Exército Português tinha-se mantido no terreno africano enquadrado na NATO e/ou na ONU e - centenas de milhares de vidas tinham sido poupadas aos horrores de guerras civis cuja selvajaria ficou por historiar; h) Se Cunhal tivesse  sido Professor Primário, ou Universitário, Enfermeiro ou Presidente duma Junta de Freguesia   teria sido um cidadão  simpático e eficiente, estimado e um vizinho até muito querido; já José Afonso sendo apenas - um músico compositor e intérprete de canções/baladas de intervenção e de indignação foi uma Inspiração para todos os Cidadãos decentes - curiosamente, mesmo para aqueles que até dependiam da máquina estatal e sempre se deixaram domesticar pelo Regime. Quem não apreciava e saboreava o tom melódico, a Verdade das letras, a doçura da harmonia, o tom vibrante e humano, mesmo Cristão da sua Voz? i) Se Cunhal nunca tivesse aparecido nos Registos Civis o Alentejo teria ganho a sua modernidade e o seu desenvolvimento social com a evolução natural da da mudança de Regime, de leis, de comportamentos - com a adopção natural duma Social Democracia Nórdica ou de um Socialismo Alemão; j) finalmente, a perturbação social causada pela perversão mental dum psicótico que se acreditava como Infalível, como o Guia duma Nova Ordem muito próxima dum Fascismo Italiano custou ao País, ao Povo, à nossas Imagem no Mundo e, particularmente às Crianças e oas Velhos do Alentejo a quase Certeza de um Futuro de Progresso e de Segurança; José Afonso calmamente, civilizadamente, com uma Energia Espiritual quase sobre humana foi o único capaz de revelar ao mundo, ao nosso País a miséria do nosso submundo social e político - o DESPREZO ALARVE com que os mais poderosos conviviam e lidavam com os mais FRACO E INOCENTES;
l) como um podengo destrói um campo de milho perseguindo um coelho, assim Cunhal quase destruiu um País a quem fora prometidos Paz Social, Democracia e Progresso em níveis duma Europa Nórdica; Zéca Afonso, no meio do caos foi como uma aragem numa noite de verão: tranquila, perfumada, sonhadora - lendária. Por ter sido assim e porque a Ema tinha um enorme respeito e amizade à dignidade humana e à capacidade de perdoar do José Afonso que eu próprio que não o
conheci sinto, ainda hoje, uma enorme saudade de não o poder sentir vivo entre nós.  


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