segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

FRANCISCO SÁ CARNEIRO E O PORTUGAL DE HOJE.


Francisco Sá Carneiro foi aluno do Colégio Almeida Garrett, no Porto como também  o foram Mário Sotto-Mayor Cardia, Rui Vilar ou  Artur Santos Silva ou Jorge Nuno Pinto da Costa. Fomos todos companheiros, brincámos uns com os outros e, embora em anos diferentes, turmas diferentes, todos ouvimos o mesmo toque da mesma sineta, subimos e descemos as mesmas escadas, fizemos a mesma ginástica no mesmo ginásio, em aulas dadas pelo mesmo professor o Professor Tamegão, fumámos as mesmas beatas escondidos do Perfeito, o Senhor Saleiro, escondidos nas mesmas casas de banho.

 Depois a Vida deu um piparote a cada um de nós e cada um de nós seguiu trilhos diferentes.

Um foi banqueiro, outro foi Ministro da Educação e, no PREC restituiu a Dignidade às Escolas e aos Docentes, outro foi Primeiro Ministro e foi provavelmente eliminado fisicamente, outro estacionou na Gulbenkian, outro foi Presidente do Futebol Clube do Porto, outros foram comerciantes, médicos, professores, bancários.

Mas todos fomos abençoados pelo sorriso doce e pela bondade extrema do Padre Adão e aprendemos a ser disciplinados pela mão vigorosa do Director, esse Homem de Princípios puros, o Senhor Eng. Jorge Vieira de Araújo.

O que diriam os MORTOS e o que dirão os AINDA VIVOS deste país-cadáver que no Almeida Garrett nos ensinaram a respeitar e a amar?

O que pensam hoje os AINDA-VIVOS deste país, da sua própria Pátria? Para já, os mais mediáticos escapuliram-se para Lisboa e por lá ostentam a sua superioridade social e salarial em relação ao Porto onde brincaram. Uma  "barreira invisível" feita de cinismo, de ganância e de mentira que a Política Portuguesa semeou desde 1974 e  reforçou com a nossa adesão à Comunidade Europeia anestesiou o bairrismo que todos eles e muitos outros tinham pelas ruas do Porto, pelas Festas Populares do Porto, pelos cinemas do Porto, pelo viver do Porto, pela MEMÓRIA DO PORTO. Todos eles devem ser ainda excelentes pessoas humanas, não se duvida, mas para eles, o Porto fica "para além do Ártico", isto é, para norte do Tejo, para uma "terra de ninguém" - quiçá, para o "Reino dos Labregos".

Vemos os ainda-vivos enrolados com os Governantes de todas as cores e feitios. De braço dado com ministros da Esquerda e da Direita. O importante é irem a festas, aparecerem na televisão, receberem convites gostosos para cargos açucarados - mas tudo em Lisboa, tudo na Capital.

E quando vemos o País a ser a nódoa da Europa Ocidental; o Povo a chafurdar na miséria causada pela bosta da Política e da Banca; quando ouvimos as frases "quase nazis" de quem tem o  Poder de sarar as feridas mas afirma que, O POVO NUNCA MORRE DE FOME E AS FAMÍLIAS QUE SE DESAGREGUEM PORQUE ABANDONAR A PÁTRIA E OS FILHOS DÁ LUCRO AO ESTADO
então regressamos a 1952, 53, 54 e a nossa Memória retorna para o Sorriso do Padre Adão, para a Bondade dos Padres Guimarães Dias e Alberto Soares e para a Força Física e Moral do nosso Engenheiro Jorge Vieira de Araújo.

Os que abandonaram o Povo, os que talvez ainda pensem que o Povo cheira mal e as esposas afirmem que "são todos uns bêbados" (tivemos tios multimilionários e banqueiros que tinham este conceito dos seus compatriotas), os arrivistas "lisboetas, de noite, na escuridão da noite, enquanto as esposas ressonam - hão-de lembrar~se da sua adolescência e hão saber que uma quota parte da miséria deste País lhes pesa nos ombros. Porquê? Porque têm andado de braço dado com os políticos e os banqueiros que eles sabem, melhor do que nós todos que foram e continuam a ser a desgraça deste País e deste Povo.


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