quinta-feira, 18 de outubro de 2012

REPENSAR O PASSADO



                                                                 ISDABE, SUL DE ESPANHA, 04 DE SETEMBRO
                                                                       
                                                                       (3ª FEIRA -  10:23 / 2012)


Ás vezes temos (sentimos) pensamentos tristes.

Não temos culpa de mergulharmos em "águas menos límpidas".

É a máquina cerebral que os revê, os traz à superfície e os revive em determinado momento,

num determinado dia, como se de realidade se tratasse.

Neste momento vínhamos a caminho do quarto 4105 para o restaurante e sentímo-nos a

pensar:


                - quanto tempo de vida usufruimos, convivemos com as familiares mais
                   íntimos, que mais amamos? Quantos dias INTEIROS de vida?

                   Os filhos que levávamos ao infantário, ou ao médico quando adoeciam,

                   O casal falando das suas profissões, dos seus projetos, das compras a
                   fazer para o Natal, para um aniversário, ou simplesmente para o dia a dia.
        
                   E mais tarde, se o casal tem possibilidades, ao jantar, os filhos falando das
                  suas aulas na Faculdade, as amizades novas que construiram, os namoros,

                  A Família é como um bando de pássaros no lusco-fusco ao final do dia-


E de repente, vem esse "levantar voo, primeiro dos que partem para a Viagem sem Retorno. E
o não voltarmos a ver os seus rostos, ouvirmos os sons do seu falar, a luz que os seus olhos irradiavam, as conversas à mesa, o seu rir - esse silêncio cavo que repentinamente explodiu na atmosfera serena dos nossos dias é o primeiro sinal objetivo de que o Tempo também escorre pela nossa pela.

Depois são os filhos que se erguem acima de nós e voam, alegres (ou tristes?) para mais longe ou mais perto - mas sempre afastados do aconchego quente do Lar que os criou.

Depois é o SILÊNCIO GRANDE porque nada substitui o ruido do rir duma criança.

          
        

(Dedicado à Ema Gabriela, à Carina, à Alice, ao António e a mim próprio - e a todos vós)-








                 

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1 comentário:

  1. De arrepiar! A forma como transmite a sua/nossa nostalgia... Das perdas, do que passou e não mais se consegue voltar a agarrar..! A reflexão tão importante sobre o que importa, o que realmente tem numa vida valor.

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