sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A MÃO DO DESTINO

Sentimos a mão de Destino pousada sobre a nossa cabeça. E poucos são, tão poucos são!, aqueles que sentem Aquela Mão - que pode ser macia e quente como a mão duma mãe que nos

aconchega o cobertor antes de adormecermos como pode ser dura e pesada como a mão de um juíz, dum mestre-escola severo ou de um Deus irado..

A mão do Destino é quase sempre impiedosa para com os inocentes.

Riem-se os ímpios dos que sofrem. Riem-se daquela menina magra, sem dinheiro para o pão nem para os livros da sua primeira escola.

Riem-se aqueles aquem o Destino quis tornar doce o Caminho da Vida e olham com um desprezo disfarçado de caridade os que se arrastm pelos trilhos da vida em busca de um pouco de serenidade.

No fundo, bem no seu fundo, onde deveria existir Alma mas apenas existe um charco de lama, os Ímpios sentem um prazer luxurioso porque esquecem que a aparente benevolente mão da Moira pousada sobre as suas cabeças é a mesma mão que os irá mergulhar, em hora incerta, na escuridão do Poço sem Retorno.

                      - Bem aventurados os Humildes porque  sobre eles brilham as estrelas -
                      - Bem aventurados os que sofrem a Injustiça Humana porque serão abençoados -

Eu sei, eu pressinto-o que não está distante o Dia em que a Terra vai abrir-se e o Orgulho do Poder
e o Orgulho da Riqueza dissolver-se-ão em pó e em Nada.

Mas antes do Silêncio Absoluto, ouvir-se-à o Grito de Agonia daqueles cujo Caminho de Vida foi a Maldade disfarçada nas orações sem que as suas Almas se tornassem doces e brandas como a espuma
dos Oceanos que adormece nos braços das praias sem ruido, Almas que podiam estar vazias do Pecado e tão cheias do voo e do falar das Gaivotas, Almas que optaram pelo Negro da noite sem retorno.

Por vezes o nosso próprio Corpo é uma vasta gruta cheia de ruidos e de estranhos silêncios e, cada um deles é um Pensamento. Pensámos infinitamente no Ontem e nos Dias que se Aproximam.

E olhamos em nosso redor e tememos. Tudo o que vemos são sombras - mesmo nos dias de sol pleno porque SABEMOS, porque o PRESSENTIMOS que  a Hora dos Justos terá que chegar, vinda do Alto dos Céus e do Útero da Mãe Terra.

  
                      - A DOR DOS INOCENTES NÃO PODE SER PERPÉTUA -


Sangue irá, inevitavelmente, ser derramado porque já secaram as lágrimas nos Olhos dos Filhos
mais amados da Mãe Terra, os Justos.


                      -  E O SANGUE É O HÚMUS SAGRADO DOS JUSTOS -


Sangue irá certamente ser derramado porque os Poderosos e os Corruptos não ouvem o choro dos
mais débeis e riem-se com prazer sádico DA GRANDE TRISTEZA que nos Últimos Tempos
tem baixado sobre a Terra Inteira como um manto sombrio de iniquidade. V

Vivemos Tempos de Fome mas é a FOME que, como a Peste Negra, entrou hoje nos lares do Meu Povo.


                  -  E OS SEMEADORES DESSA GRANDE FOME ANDAM ENTRE NÓS -


Queria pairar como a Mão de Deus sobre os berços dos Inocentes Adormecidos e ver em cada rosto
abençoado um sorriso doce de Felicidade  -  e não o sulco sombrio das LÁGRIMAS SECAS.

Sangue tem que ser derramado para que na Balança de Osiris os pratos fiquem por igual.

Não ouço o trinar dos pássaros, nem o cantar dos galos ao longe pelas aldeias, nem o riso de crianças
que retornam das escolas, não ouço o cantar nas ceifas nem nas vindimas.

 A minha Terra transformou-se num antro sombrio de silêncio e dor.

Que os CORRUPTOS cubram de cinza os seus fatos de festa, que caminhem descalços pelas aldeias
vazias e sintam na pele suja o frio das montanhas e o golpe do vento. Que os seus cabelos
adornados com gel se desfaçam sob a força da chuva e os seus corpos leprosos durmam nas camas de tojo onde o Gado de Deus urinou.


          I     SÓ ENTÃO NOS PRADOS AS FLORES SE ABRIRÃO DE NOVO


   
          II     E O PERFUME DO PERDÃO DE DEUS RESSUSCITARÁ UM HOMEM NOVO -




           III    CRISTO NÃO QUER QUE A FOME TENHA RAÍZES NA TERRA










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