domingo, 6 de fevereiro de 2011

Nós os Humanos

Todos, os medianamente cultos, sabem que o planeta Terra é um corpo celeste pleno de vida natural mas, que está completamente sozinho porque mais nenhum outro planeta até agora vislumbrado e/ ou estudado tem vida. Somos um caso único, ímpar, somos o resultado de um "Jack pot" da Criação. Milhões de circunstâncias indispensáveis à formação da Vida Inteligente mas que tinham que estar associadas nas proporções matematicamente exactas e e com os seus pesos atómicos matematicamente calculados e, accionados no momento certo para que o Motor da Vida iniciasse o seu movimento. Mas estamos sós, mergulhados na escuridão intemporal do Cosmos, delimitados pelo Dia do Início e o Dia do Declínio. E, por mais incompreensível que seja, nenhuma Escola, em nenhuma Era da Humanidade, ensinou aos alunos os Mecanismos da Vida, a Fragilidade da Vida, a Precariedade dos Recursos do nosso planeta. É incompreensível que a Água do Planeta tenha donos privados, que o Petróleo, o Sangue dos Povos esteja nas mãos de companhias com nomes esquisitos cujos administradores até são personalidades mundialmente famosas. É bizarro, é bárbaro, é anti-humano que, vivendo nós suspensos no Espaço, mergulhados na escuridão gélida e eterna do Cosmos, sujeitos a qualquer momento a sermos atingidos por um meteorito ou uma mega erupção vulcânica que nos faça regredir no Tempo até à Idade Média e, apesar destes condicionalismos que são reais e que são cientificamente prováveis, apesar de tudo continuamos a manter povos inteiros na sujeição política mais abjecta e a olhar na cara elegantes ditadores que acumulam fortunas em países civilizados e que se orgulham da sua vetusta democracia. Que Terra vão herdar os nossos netos? Claro que os veículos a electricidade ou a hidrogénio não vão substituir os grandes aviões, autocarros ou paquetes turísticos. Nem vão pôr a funcionar as grandes fábricas de têxteis, de pasta de papel (pelo menos para o fabrico de papel higiénico), nem as grandes fundições de aço. Se eu me encontro numa jangada à deriva no Pacífico tenho que repartir com os meus companheiros as reservas de água, o espaço para dormir, a carne do peixe que pescamos.
            A TERRA É A NOSSA JANGADA.
Fala-se no G. 20. Parece quer é o clube das economias mais prósperas do planeta. Representam 10%  dos já 7 biliões de seres humanos, incluindo as crianças subnutridas e cobertos de moscas da África Austral ou da orgulhosa Índia e as estrelas sofisticadas de Hollywood ou as bonecas desnudadas do jet set europeu e norte americano. Todas as mulheres jovens do Planeta têm menstruação, seja a Chanceles da Alemanha (se ainda não entrou na menopausa -oxalá que não), seja uma prostituta à força da Tailândia, com 13 anos. E os governantes do G. 20 vão à casa de banho e têm diarreia como um ancião que se banha no Ganges ou um Zulu que pastoreia gado nas savanas da África do Sul. É bom que os jovens com força e com racionalidade, com cultura e projectos de vida imitem as serpentes que anualmente mudam de pele. Também eles têm que mudar o mundo, têm que amar a Terra-Mãe, têm que arrancar do solo sagrado do nosso Planeta ainda vivo as ervas daninhas camufladas com roupas de marca e rodeadas por medidas de segurança sofisticadas. É a sobrevivência do Futuro da Humanidade que está em jogo e, é já pouca a água e pouco o pão que sobram a bordo da nossa jangada.
               ... E um tremor de terra, se for na "terra dos ricos" destrói em segundos a riqueza que demorou séculos a subtrair e a acumular.

(Quinto Barcelos, Mestre em História pela FLUP - 07 de Fevereiro de 2011, domingo, 20:11)                         

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