sábado, 27 de fevereiro de 2016

Poema de Santiago


Sabes
vives santado, deitado ou em pé
num invólucro rochoso
quase circular
suspenso no nada que é tudo
decorado com água florestas e flores
areia e sal
e aquecido
pelo calor constante da Estrela-Mãe

Sabes
Nunca ninguém te ensinou
a conhecer amar e santificar
a proteger e a sentires dentro da tua Alma
a santidade que é este invólucro que é a tua Casa
o teu Lar e o teu Ninho

Mas nenhuma escola ou templo
re ensinou a conheceres
o dever sagrado de preservares
este invólucro que é a razão única
de tu viveres

Já alguma vez ouviste
e sentiste dentro de ti
o bramido de dor
das criaturas tuas irmãs
na alma e na substância
desfeitas pelas máquinas que tu criastes
Será que o Homem foi criado por engano
pelas Leis que nunca se enganam?
Mas agora
hoje
é já tarde para a penitência e o retorno
Sabes
a Terra-Mãe sofre e seca
e tu sem abrigo no Amanhã
que adoras o Metal e o Cristal preciosos
e desprezas a Água e o Vegetal
tu vais voltar a ser o que já eras antes de seres feito
areia e pó,

(José António Quinto Barcelos, Mestre pela F.L.U. Porto
30 de Dezembro - fim de Tarde, Santiago de Compostela).

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